Recentemente, iniciei um trabalho com pacientes que necessitavam grandes reabilitações orais, geralmente próteses totais sobre implante, em parceria com Juvenal Souza Neto, um dos maiores técnicos em prótese do Brasil, no sentido de investigar as sequelas emocionais dessas perdas dentais e suas implicações na satisfação dessas pessoas com suas próteses atuais.

Até eu, que agora não exerço mais a odontologia, e trato fobias e traumas diariamente, não imaginava que encontraria tamanha dor.

A perda precoce dos dentes, seja por algum acidente, por falta de recursos e opções de tratamento ou por imperícia, deixa marcas profundas na vida das pessoas.

Vamos fazer uma simples suposição, para que você tenha uma ideia: imagine que, num acidente automobilístico, você perca seus quatro incisivos superiores. A gente não gosta nem de imaginar, não é?

E atendemos pacientes todos os dias sem nos darmos conta de que aquela falta de dentes é motivo de muita vergonha, que essa pessoa pode ter passado a vida toda tentando esconder essa condição, que provavelmente foi motivo de bullying por ser desdentada, e que tem a sua autoestima abalada por isso.

Um bom trabalho de gerenciamento emocional, com muita empatia para ajudar essa pessoa a se ver, e ver sua perda, com mais compaixão e com menos gatilhos traumáticos ajuda muito na percepção que ela terá de si mesma usando uma nova prótese.

A psicologia direcionada ao tratamento de traumas odontológicos por perda de dentes ajuda a curar aquela ferida antiga, que embora cicatrizada na boca, ainda dói na lembrança do nosso paciente.

O que observei tratando desses pacientes é que essa ferida aberta faz com que a pessoa se sinta desconfortável mesmo quando a nova prótese devolve funções há tempo perdidas, rejuvenesce 10 anos e, aos olhos de todos é uma verdadeira obra de arte, como as que o Juvenal faz.

Uma odontologia mais humanizada e transdisciplinar passa por esses novos tipos de abordagem. Bom para o paciente, que se sente melhor, e para o dentista, que faz seu trabalho em uma pessoa emocionalmente mais equilibrada.

Grande abraço! Daniela Franzen

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